domingo, 15 de agosto de 2010

Células estaminais podem ser utilizadas para produzir válvulas cardíacas

É possível utilizar células derivadas das células do sangue do cordão umbilical como fonte celular única para a produção de válvulas cardíaca conforme demonstra um estudo recentemente publicado na revista The Annals of Thoracic Surgery.


Esta pesquisa, conduzida por uma equipa de investigadores alemães, envolveu a utilização de suportes feitos de um polímero biodegradável que, para a produção das válvulas cardíacas, foram revestidos com células diferenciadas a partir de células do sangue do cordão umbilical.

As válvulas cardíacas foram posteriormente desenvolvidas num biorreactor durante quatro semanas, e a sua análise macroscópica permitiu concluir que as válvulas produzidas se encontravam intactas e funcionais, abrindo e fechando sincronizadamente.

Por microscopia electrónica foi possível observar a formação de uma estrutura compacta, organizada em várias camadas, tendo-se igualmente verificado um crescimento celular para o interior dos poros do suporte biodegradável.

Apesar de serem ainda necessárias algumas melhorias, nomeadamente nos materiais de suporte e no tratamento que lhes é feito antes de as células aderirem, este estudo constitui um passo à frente no desenvolvimento de novas estratégias para o tratamento de defeitos congénitos e mostra que, mesmo no final da infância ou na idade adulta, é possível criar in vitro válvulas autólogas a partir de uma única fonte de células, o sangue do cordão umbilical.

Uma válvula cardíaca assim produzida, por engenharia de tecidos, pode, em caso de necessidade, ser implantada no mesmo paciente como válvula autóloga substituta.

David Ferreira, responsável médico da Crioestaminal, afirma que “actualmente as válvulas cardíacas podem ser substituídas por próteses biológicas ou mecânicas, qualquer delas com limitações, que incluem incapacidade para crescerem ou se remodelarem, obrigando frequentemente a re-intervenções, especialmente em doentes pediátricos. O trabalho desta equipa de investigadores alemães demonstra que um sub-grupo de células do sangue de cordão umbilical podem ser diferenciadas em dois tipos de células que, “in vitro” e numa estrutura adequada, conseguem mimetizar o tecido cardíaco.Esta área emergente da engenharia de tecidos poderá assim permitir restaurar ou substituir tecidos danificados e num futuro não muito distante, alterar profundamente a forma com tratamos os doentes.”

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